A base da igreja
Para que se tenha a vida prática da igreja há dois
aspectos básicos e principais. Devemos estar totalmente claros a respeito
deles, pois sem eles não temos a realidade da vida da igreja. O primeiro é que
o próprio Cristo como o fundamento é a vida, o conteúdo e tudo na
igreja. Não é absolutamente uma questão de formas, doutrinas ou certos tipos de
expressão. O segundo aspecto principal da vida da igreja é o da posição ou a
base da igreja.
Base da
igreja não é a mesma coisa que fundamento da igreja. O fundamento da igreja é
Cristo. “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o
qual é Jesus Cristo” (1 Co. 3:11). A base é completamente
diferente do fundamento. O fundamento é uma parte básica e inseparável da
construção de um edifício, ao passo que a base não é. A base é um pedaço de
terra, chamado terreno, sobre o qual é lançado o fundamento. Ela não é a parte
da construção, mas simplesmente um terreno sobre o qual a construção está
colocada.
Não devemos confundir a base com o fundamento
ou vice-versa. São duas entidades vitais para a construção de um edifício,
porém distintas. Embora o fundamento possa estar profundamente alicerçado no
solo, é, todavia distinto e separado deste. A base é o terreno sobre o qual está
colocado o fundamento.
Estabelecidas
em Ipiaú-(BA) há muitas assim chamadas igrejas. Uma, a Igreja Católica Romana,
proclama estar edificada sobre Cristo como seu fundamento. Outra, a Igreja
Batista, também proclama que seu fundamento não é outro senão Cristo. Os
batistas, os assembleianos, os adventistas e muitos outros proclamam a mesma
coisa. Na verdade, não há assim uma chamada igreja cristã que não faça isso.
Todas proclamam que Cristo é o fundamento delas, más têm negligenciado
totalmente a questão da base.
Quais são as
verdadeiras bases sobre as quais tantas dessas assim chamadas igrejas puseram
Cristo como seu fundamento? Qual é a base da Igreja Católica Romana? Sem dúvida
é Roma. A Igreja Católica Romana, que proclama Cristo como seu fundamento, está
erguida sobre a base do catolicismo romano. Sobre que base está erguida a
Igreja Batista? É óbvio que a sua base está erguida sobre o batismo de João,
bem como sobre o nome do mesmo; embora tenham Cristo como seu fundamento, os
batistas estão posicionados sobre a base do batismo por imersão.
Vejam, todas
as “Igrejas” reivindicam o mesmo fundamento que é Cristo, mas todas elas
permanecem sobre bases diferentes. São as
diferentes bases que criam o problema para a unidade da igreja, não Cristo como
o fundamento.
Suponhamos que cada grupo de cristãos estivesse disposto a renunciar sua própria base particular: os católico-romanos abandonariam a base
do catolicismo romano, os batistas a base do batismo, os assembleianos a base
pentecostal, etc. - Todos os grupos estariam dispostos a abandonarem a
sua própria base. Qual seria o resultado? Todas as bases sectárias
desapareceriam e espontaneamente existiria apenas uma base única e comum, a base
da cidade, a base de Ipiaú. Todas as diferentes denominações desapareceriam, e
apenas restariam os santos com Cristo. Então, todos os santos aqui, com o único
Cristo, formariam a única igreja em Ipiaú. A base local é a única base correta
para a igreja em Ipiaú ou qualquer outra cidade que pode manter todos os santos
nessa cidade em unidade.
Quando Paulo
foi a Corinto pregar o evangelho e fazer a obra do Senhor, será que ele
estabeleceu uma igreja “paulina” com Cristo como seu fundamento? E Apolo, que
também ministrou em Corinto, estabeleceu uma igreja sobre a base de Apolo, tendo
cristo como seu fundamento? Ou ainda Pedro, que possivelmente também tenha ido
a Corinto, formou ele uma igreja “petrina” com Cristo como fundamento? É óbvio
que nenhum deles fez isso. Em Corinto não havia uma igreja “Paulina”, nem,
“Apolonica”, nem “Petrina”. Sendo assim, que fizeram eles? Quando Paulo foi a
Corinto e conduziu as pessoas ao Senhor, ele estabeleceu a igreja em Corinto.
Sobre que base? Sobre a base de Corinto. Ele estabeleceu a igreja em Corinto
com Cristo como seu fundamento e sobre a base única da cidade. Quando Apolo foi
a Corinto, ele não estabeleceu uma outra igreja, mas edificou os santos sobre o
mesmo e único fundamento e sobre a mesma única base, a base de Corinto. Paulo
plantou-os naquela base e Apolo regou-os sobre a mesma base.
Em 1 Co.
1:2 diz-se: “à igreja (no singular) de Deus que está em Corinto”. Paulo,
Apolo e Pedro trouxeram seus diversos ministérios a Corinto, mas todos eles
edificaram uma igreja com um fundamento, sobre a única base da unidade. Dessa
maneira, enfim, apenas uma única igreja existia em Corinto com um tipo de
santos, um fundamento que é Cristo e uma base que era a posição comum na cidade
inteira. Uma igreja, um fundamento, uma base – é algo muito claro.
O problema
hoje não está com o fundamento, mas com a base. É por causa disso que dizemos
que, se quisermos ter a vida da igreja, precisamos considerar a base como o
segundo ponto essencial que devemos levar em consideração. Sem Cristo como a nossa vida e conteúdo, e sem a base da
unidade com os santos na cidade na qual vivemos como nossa posição definida,
não podemos praticar a vida da igreja.
Há em Ipiaú
diversas assim chamadas igrejas. Por que há tanta divisão? O problema, como
vimos, não se deve ao fundamento, mas à base. Irmãos e irmãs, sobre que base vocês
estão? Estão sobre alguma base denominacional ou sectária declarada ou não
declarada, escrita ou não escrita? Qualquer base
que apóie uma divisão entre o povo de Deus não é correta. Qualquer base
sectária não é justificada pela palavra de Deus e é contrária ao princípio
básico do Corpo de Cristo.
Não há lugar
na Bíblia que registre mais de uma igreja numa cidade. Se você está vivendo em
Ipiaú, você deve ser edificado juntamente com os outros crentes em Ipiaú, como
a igreja nessa cidade. A igreja edificada em Jerusalém era chamada a igreja em
Jerusalém (At. 8:1), e que estava em Antioquia era chamada a igreja em
Antioquia (At. 13:1). No mesmo princípio, a igreja em Ipiaú deveria ser
chamada a igreja em Ipiaú.
Precisamos sair das divisões não para formar outra
divisão, e, sim, para retornar à base genuína, a base da unidade. Não há
razão para estarmos divididos. Somos todos membros da única igreja. Por que
simplesmente não nos ajuntarmos com os crentes, na cidade onde vivemos, para
sermos a expressão da igreja? Não sejamos embaraçados nem confundidos pelo
cristianismo. É uma coisa vergonhosa perguntar às pessoas a qual igreja elas
pertencem. Se crêem, são nossos irmãos – isso é tudo. Eu pertenço à única
igreja, e elas pertencem à mesma única igreja.
Conta-nos
uma história que um irmão com uma Bíblia na mão tomava o ônibus para ir a uma
reunião. No ônibus, outro crente distribuía folhetos aos passageiros e, quando
viu o irmão com a Bíblia, disse: “Oh! Você deve ser um irmão!” O irmão
respondeu que de fato era. Então o outro perguntou: “A que igreja pertence?” O
irmão respondeu: “Eu pertenço à mesma igreja que você pertence; à mesma igreja
que o apóstolo Paulo, o apóstolo Pedro, o apóstolo João e Martinho Lutero
pertenceram, e à mesma igreja que todos os que crêem pertencem”. Quando o outro
ouviu isso, disse: “isto seria maravilhoso!”
De fato, é maravilhoso. Oh! Reunamo-nos sobre a única base da
unidade para termos uma genuína expressão dessa única igreja na cidade onde
vivemos. Que o Senhor seja misericordioso para conosco.
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