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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sete cestos



“Dize-me… onde apascentas o Teu rebanho?”

Dize-me, ó amado de minha alma: Onde apascentas o teu rebanho onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros?” (Cântico dos Cânticos 1:7).
Este verso do Cântico dos Cânticos mostra um aspecto da experiência inicial na relação entre o rei Salomão e sua escolhida. Ela está carente de um lugar onde encontre repouso, principalmente ao meio-dia, na hora que o calor do sol é mais forte. Por estar vagando em outro rebanho, a amada de Salomão está insatisfeita. Assim, ela pergunta onde o amado cuida do seu rebanho, ao qual ele oferece refúgio e alimento. Salomão aqui simboliza Cristo, o bom pastor. Ele conhece as Suas ovelhas (João 10:14), as conduz e as protege. Em nossa experiência espiritual, é possível que, assim como a amada, também desejemos saber onde o Senhor apascenta Seu rebanho. Apesar de crermos em Cristo, participarmos de reuniões cristãs e até servirmos na igreja, pode ser que, dentro de nós, ainda haja um vazio a ser preenchido. Diante das dificuldades do viver diário, das provas e tentações, quem não precisa de um refrigério? Quem não deseja ser renovado pelo alimento saudável? Quem não anseia ser refrescado por uma boa fonte de águas cristalinas? Se quisermos, poderemos disfarçar nossa insatisfação aos que estão a nossa volta, aos irmãos em Cristo e até aos que moram conosco como pais, cônjuges ou filhos. Mas ao Senhor e a nós mesmos não há como enganar. Então, o que fazer se esta é a nossa verdadeira situação? Graças a Deus pela Sua Palavra. A experiência da Sulamita pode também ser nossa. Por querer sair dessa situação, ela pede: “Dize-me, ó amado (…) Onde apascentas o teu rebanho”. A maneira prática de tratar com nossa insatisfação interior é orar ao Senhor. Este é o grande segredo.

“Teu rebanho”: um lugar de satisfação
Ao expor sua condição, a eleita de Salomão apresenta sua causa. Ela está em busca do “teu rebanho”, pois já está cansada de estar “vagando”. Em João 10:16 o Senhor Jesus diz: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um pastor”. O aprisco é um lugar temporário, onde as ovelhas, principalmente as mais novas, são mantidas durante o inverno, para que sejam guardadas, até poderem sair para seguir o pastor pelos pastos no campo. No tempo certo, Jesus, como pastor, vem retirar suas ovelhas do aprisco. Ele chama pelos nomes, fazendo sair todas as que lhe pertencem. Elas o seguem, por que reconhecem a sua voz (10:1-4). O objetivo do Senhor é atraí-las para que elas sigam num único rebanho. O apóstolo Paulo, em sua primeira epístola aos Coríntios, chamou-os de crianças em Cristo, bebedores de leite que não podiam receber alimento sólido, por que ainda diziam: eu sou de Paulo, eu de Apolo… (3:1-4). Segundo Paulo, aqueles crentes andavam de acordo com o homem, ou seja, segundo suas preferências. Os paulinos e apolinos de Corinto eram como ovelhas imaturas num aprisco. Porém Paulo os exortava a seguirem o único pastor: “Portanto, ninguém se glorie nos homens; por que tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida (…) tudo é vosso, e vós de Cristo e Cristo de Deus” (vs. 3:21-23). Ter preferência revela imaturidade e falta de crescimento de vida, sendo causa de inúmeros problemas de divisão e contendas entre os cristãos. Mas, a amada de Salomão não quer mais ficar perambulando, ela deseja amadurecer, por isso pergunta: “Onde apascentas o teu rebanho?”. Com certeza, ele a levará a encontrar bons pastos para comer, boa água para beber e um bom lugar para repousar, havendo condições ideais para seu crescimento de vida.

“Sai-te pelas pisadas do rebanho”
Se tu não o sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sai-te pelas pisadas dos rebanhos” (Cânticos dos Cânticos 1:8ª).
Aqui “pisadas dos rebanhos” indica uma maneira prática para atingirmos um alvo. Pisadas são marcas que podem servir para orientação. Para seguir um caminho que foi trilhado por outros, é necessário humildade. Não podemos ser orgulhosos. O apóstolo Paulo exortou os cristãos: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Se ainda formos individualistas e cheios de opiniões, como seguiremos a experiência dos outros a nossa frente e como seremos corporativos? Essa era a condição da amada de Salomão no estágio inicial de sua experiência: individualista e cheia de preferências ou opiniões. Estava mais preocupada com suas coisas e com seu prazer do que com o de seu amado. Isto é um sinal de imaturidade. Sem negar a nós mesmos, não poderemos andar nas pisadas dos rebanhos. As ovelhas no rebanho, por seguirem ao pastor, não deixam pisadas diferentes, mas todas têm o mesmo andar e meta. Por sua vez, o Senhor Jesus, como nosso modelo, conduz-nos como suas ovelhas, e isto preserva nossa unidade e comunhão. Não estamos sós, pois fomos batizados para dentro de um único corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres (12:12-13); fazemos parte do único rebanho. Logo, não escolhemos mais por onde andar, mas, junto com os irmãos, seguimos as mesmas pisadas. Nesse rebanho há descanso e satisfação pois é conduzido pelo próprio Senhor. Sejamos simples, sigamos as pisadas do Senhor!

Por que decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (2:2)

Um comentário:

Raí disse...

Aqueles que se mantêm arrogan­tes e confiantes desagradam a Deus e são como os figos ruins porque: